quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Quidado com o que voce come
Quem nunca teve um mal-estar, acompanhado de dor de barriga e vômitos depois de comer alguma coisa na rua?
Só no ano passado, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), do governo do Estado de São Paulo, notificou 7253 casos de doenças transmitidas por água e alimentos (DTA) – tendo como agentes bactérias como a Salmonella e a E. coli, entre outras. Desse total, foram 384 surtos e seis óbitos.
O perigo que pode estar no carrinho de cachorro-quente e no restaurante próximo ao trabalho também pode ser encontrado na geladeira de casa.
“Todos os alimentos são de riscos se preparados sem higiene e/ou mantidos sem refrigeração ou aquecimento adequado”, alerta Maria Bernadete de Paula Eduardo, diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Centro de Vigilância Epidemiológica/SES-SP.
Na rua
Alguns alimentos exigem cuidado dobrado antes de serem colocados no prato, ainda mais quando não se conhece a sua procedência. Confira os cinco alimentos mais relacionados a riscos de contaminação nas ruas:
Ovo
Pode abrigar a bactéria Salmonella, que causa diarreia, febre e vômitos, e até óbito em crianças, gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado. “O maior risco é ingerir mal cozido (com a gema mole) ou cru (usado em alguns preparos como a maionese)”, alerta a nutricionista Patrícia Ramos, coordenadora do Serviço de Nutrição do Hospital Bandeirantes, de São Paulo.
Segundo o biomédico Roberto Figueiredo, o Dr. Bactéria, um em cada 200 ovos em uma granja pode conter a Salmonella. A dica é optar pelo produto pasteurizado. “O processo de pasteurização elimina a bactéria”, diz o especialista. Acontece que na rua nem sempre é possível confiar na procedência do alimento.
“Se o ovo estiver contaminado, a alta temperatura do cozimento será capaz de eliminar o microorganismo”, completa a nutricionista Jaqueline Bernardini, da Clínica Medicina Integrada, de São Paulo.
Folhas
Larvas e bactérias podem estar escondidas entre as folhas verdinhas expostas nas travessas dos restaurantes a quilo. “Só lavar com água não basta. É preciso realizar uma desinfecção química para eliminar os microorganismos”, explica a nutricionista Patrícia Ramos. Isso significa que antes de serem oferecidas ao consumo, as verduras devem ficar mergulhadas por pelo menos 15 minutos em uma mistura de água e água sanitária (hipoclorito de sódio) – para cada litro de água, uma colher de sopa de água sanitária de boa procedência e não odorizada.
Não é o caso de eliminar a salada do prato, claro. “Mas fique atento à higiene do local e às condições de preparo e armazenamento dos alimentos”, reforça Maria Bernadete de Paula Eduardo, do CVE.
Carnes
Espetinhos, churrasquinhos, sanduíches de carne assada podem conter a bactéria Clostridium perfringens, causadora de cólicas e diarreia. Esse microorganismo é resistente muitas vezes até ao cozimento. “A carne deve ser armazenada sempre em temperatura inferior a cinco graus. Na hora de consumir, opte pela preparada na hora e bem passada, sendo mantida acima de 60 graus”, ensina Dr. Bactéria.
Cachorro-quente
O problema principal está na salsicha, que pode conter a bactéria Listeria monocytogenes. Após sua ingestão, costumam aparecer diarreia e fortes cólicas abdominais, por 24 horas. Não é indicado consumir a salsicha que esteja fora de refrigeração, crua ou aquela mergulhada há horas na panela do carrinho de cachorro-quente, a não ser que a água emane vapores, isto é, esteja acima de 60 graus.
“Ela deve ser cozida na hora e por cinco minutos após levantar fervura”, aconselha Dr. Bactéria. Cuidado ainda com o purê que acompanha o sanduíche: por ser preparado com leite e muitas vezes ficar exposto inadequadamente – o que também pode causar problemas.
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Maionese
Para passar a ideia de saborosa e sem aditivos químicos, muitos comerciantes oferecem a “maionese caseira”. Além do risco da contaminação pelo uso de ovos crus no preparo, a falta de higiene da embalagem (bisnagas) e a refrigeração inadequada transformam o alimento em uma bomba de contaminação.
“Nunca coma maionese feita com ovos crus ou em embalagens que ficam fora da geladeira. Prefira os sachês industrializados para maionese, mostarda e catchup”, diz Maria Bernadete.
Em casa
Nem a segurança do lar está imune aos microorganismos. Aliás, pesquisas apontam que a maior parte dos casos de contaminação acontece dentro de casa. Conheça os top 5 da contaminação residencial.
Sobras do almoço
Aquele arroz com feijão que sobrou do almoço podem ficar para o jantar e até para o dia seguinte. Desde que manipulados de maneira adequada. “Tire das panelas, acondicione-os em outro recipiente e leve-os à geladeira”, ensina Jaqueline Bernardini.
“Pode guardá-los até mesmo quentes. Isso não estraga a geladeira, nem a comida”, diz Dr. Bactéria. Mas até que esfriem, mantenha o recipiente aberto. “Aquelas gotículas de água que se formam na tampa (umidade) podem facilitar a proliferação de bactérias”, completa a nutricionista.
A geladeira doméstica geralmente trabalha a 10 graus: nessa temperatura é capaz de conservar a comida por 24 horas. Se estiver a cinco graus, o prazo se estende até três dias. Agora, se a sobra foi grande e não será consumida rapidamente, melhor congelar.
Frios
Retire-os da embalagem original e coloque-os em recipientes com tampas. Na hora de se servir de uma fatia, utilize um garfo, evitando manipular o alimento com as mãos. “Consuma-os em até dois dias”, sugere a nutricionista da Clínica Medicina Integrada. Ranço e gosma na superfície dos frios significam microorganismos em ação – e problemas de contaminação na certa se forem ingeridos.
Foto: Thinkstock/Getty Images
Staphylococus aureus contidos na saliva voam sobre o bolo
Bolo de aniversário
Geralmente recheados e preparados com leite e ovos, eles costumam ficar expostos, enfeitando a mesa do aniversariante.
“Esse tipo de alimento não pode ficar mais de duas horas em temperatura ambiente, sob o risco de favorecer a proliferação de bactérias e toxinas”, alerta Dr. Bactéria.
Mas o risco maior está na hora de apagar as velinhas. “O aniversariante assopra e espalha gotículas de saliva cheias de Staphylococus aureus, que podem produzir toxinas que provocam intoxicações com náuseas e vômitos.
Palmito
Ao comprar o produto verifique as informações da embalagem: o rótulo deve conter a data de validade, o número do lote e os dados do fabricante. Um alimento de má procedência pode conter a toxina botulínica, bactéria transmissora do botulismo, doença que pode levar à morte.
”Palmito em conserva só deve ser adquirido de marca e estabelecimentos confiáveis. Por ser um vegetal mole, ele não resiste a altas temperaturas e para que não venha desenvolver a toxina botulínica deve ser preparado industrialmente com quantidades de ácido e sal adequadas. As conservas clandestinas, caseiras ou adquiridas em beira de estrada são de extremo risco”, avisa Maria Bernadete, do CVE. E antes de consumi-lo em casa, a recomendação é fervê-lo durante 10 minutos.
Enlatados
O cuidado aqui é com a embalagem. “As latas têm um verniz interno, que preserva seu conteúdo. Pequenas batidas podem romper essa proteção e comprometer o alimento”, diz a nutricionista Patrícia Ramos. É importante também higienizá-las (lavar com água e detergente) antes de abri-las.
“Ao abrir, verifique se não contém bolhas, como se estivesse fermentado. Drene a água e consuma ou prepare imediatamente. Se não for utilizar todo conteúdo da lata, retire da embalagem, coloque em outro recipiente com tampa, marque a data e consuma em até três dias”.
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